A sustentabilidade, como apresentada neste livro, precisa ser construída como uma função cultural que deve presidir todas as esferas da atividade humana: técnico-científica, econômica, jurídica, política, social, cultural e histórica. Ela aponta para o que o filósofo Michel Serres chamou de novo contrato natural entre a humanidade e a natureza, sendo esse necessariamente “um contrato de simbiose: o simbiota admite o direito do hospedeiro, enquanto o parasita – o nosso atual estatuto – condena à morte aquele que pilha e o habita sem ter consciência de que, a prazo, se condena a si mesmo ao desaparecimento”.

A sustentabilidade não é, pois, uma mera tecnologia que se coloca como capaz de, eventualmente, salvar a todos, como se fosse uma arca de Noé. Mas, como uma nova concepção da relação entre a humanidade e a natureza que precisa engajar todas as formas da atividade humana, quer na ação individual de cada cidadão e cidadã, quer na totalidade das ações que compõem uma cidade e, ainda, do conjunto de todas as cidades do planeta. Este livro reúne parte do esforço empreendido por profissionais de várias cidades do mundo para efetuar essa reflexão na busca de cidades que contribuam para a sustentabilidade. O livro está organizado em três partes - a primeira, sobre os entendimentos do conceito desenvolvimento sustentável nas cidades; a segunda apresenta estratégias de gestão ambiental urbana; e a terceira desenvolve alguns dos temas da gestão ambiental planetária, como aquecimento global, biodiversidade e ecologia de paisagem.